O Anti-Édipo: desejo e política

Em meio à comemoração dos 50 anos de publicação de O anti-Édipo (1972), primeiro livro escrito em parceria por Gilles Deleuze e Félix Guattari, a proposta deste curso é oferecer uma introdução geral aos problemas e conceitos que atravessam essa obra e que fazem dela ainda hoje atual. Escrito sob a agitação política e cultural de 1968, O anti-Édipo apresenta uma grande ambição crítica e clínica. Por um lado, era preciso fazer a crítica do aspecto reacionário da concepção edipiana de inconsciente, que remete a gênese do desejo a um microcosmo familiar e o separa do campo social. Por outro lado, há a proposta de um novo tipo de práxis analítica (“esquizoanálise”) que tem, por ponto de partida teórico, a coextensão entre o desejo inconsciente e o campo social e, por tarefa prática, a destruição das relações edipianas e a construção de novos agenciamentos de desejo, de modo que a máquina analítica se conecte a outras máquinas, militantes, científicas, artísticas, e juntas estas se tornem capazes de suscitar e catalisar práticas sociais revolucionárias. O curso será composto de uma aula para cada capítulo do livro, oferecendo uma abordagem sistemática de seu conteúdo, guiada pelas seguintes questões: como Deleuze e Guattari pensam a relação entre economia libidinal e economia política? Qual é o estatuto da crítica à psicanálise elaborada em O anti-Édipo? Como o desejo pode chegar a desejar a sua própria repressão? Como o desejo funciona diferentemente em cada tipo de máquina social? Como Deleuze e Guattari leem, através de Marx, as tendências do capitalismo e quais exigências teóricas e práticas elas colocam à esquizoanálise?