Desmancha prazeres: teoria queer e negatividade

O curso tem por objetivo percorrer a virada antissocial em teoria queer, marcada pela aproximação entre pulsão de morte e identidades que escampam à cis-heterossexualidade, a partir da obra de Lee Edelman e teóricos que partiram do seu trabalho. Para uma série de autores, a queeridade apresenta uma potência de desfazimento do mundo e de radical ruptura com a vida social. A negatividade queer, proposta por Edelman, reverberou em vozes queer posteriores, como a de Sara Ahmed, que, em Queer phenomenology, questiona o paradigma da filosofia ocidental fenomenológica baseada em práticas próprias de uma identidade branca e heterossexual. Na mesma linha, em Feeling backward, Heather Love questiona a necessidade de movimentos identitários projetarem seus ressentimentos em ícones queer do passado. Sam Bourcier, em Homo inc.orporated, faz um apelo por uma visão materialista de performance, proclamando uma greve de gênero. Por fim, em Side affects, o filósofo trans Hil Malatino contesta narrativas hegemônicas de pessoas trans em busca de transição, apontando para alguns sentimentos que muitas vezes são deixados de lado em discursos de felicidade sobre transição e na narrativa teleológica que envolve cirurgias de redesignação sexual. Malatino traz à tona sentimentos ignorados em discursos de sujeitos trans, como raiva, inveja, burnout e cansaço, pensando em como podem ser usados para práticas antineoliberais de felicidade. Diante deste percurso, vamos apresentar uma compreensão de vozes contemporâneas da Teoria Queer que mobilizam a negatividade como semente para incentivar práticas antineoliberais, contra-hegemônicas, antirreprodutivas e anticoach.