Da Anestética à Estética: arte, corpo e percepção na contemporaneidade
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O que a invenção da anestesia geral tem a ver com o surgimento da Estética como disciplina filosófica? Como interpretar a afirmação de que, quando articulou a ‘estética’ pela primeira vez como um campo autônomo de investigação, Alexander Baumgarten sabia que “‘poderiam acusá-lo de se preocupar com coisas indignas de um filósofo’”? Seria o discurso sobre a arte em geral um campo mais relacionado aos instintos animais do que ao refinamento do gosto e da sensibilidade humanos? O que é estetização da política e como pensar as relações entre imagens e seus efeitos no campo da ação ao saber que Hitler treinava seus gestos diante de um espelho? Como desanestesiar nosso aparelho sensório que, ao ser capturado pela cultura de massas e pelo espetáculo, nos impede de agir politicamente?
Essas e outras questões são abordadas pela filósofa estadunidense Susan Buck-Morss em um emblemático artigo publicado na década de 90 intitulado “Estética e anestética: uma reconsideração de A obra de arte de Walter Benjamin”, ainda pouco investigado no Brasil.
Neste curso, vamos acompanhar a reflexão de Buck-Morss sobre o discurso do estético, examinando os fundamentos da estética moderna ocidental; passando pelo texto de Walter Benjamin do qual ela extrai suas considerações; até chegar, finalmente, em problemas contemporâneos que entrelaçam filosofia, estética, arte e política.
Fazendo uso do que expressa no texto como a “atual consciência feminista no campo do saber”, ela critica o modo como o sensível foi alijado da dimensão corpórea em favor de uma espécie de percepção racionalizada. Assim, propõe repensar o estatuto da sensibilidade como uma preocupação política em enfrentar as táticas anestesiantes que caracterizaram a experiência moderna. Trata-se, segundo suas intuições, de reposicionar conceitualmente aquilo que ficou de fora para que a Estética pudesse surgir e vingar na História da Filosofia: todo o aparato sensório humano.
Descrição
Curso encerrado na modalidade síncrona, mas as aulas foram gravadas e ainda podem ser assistidas.
Aulas
AULA 1 (05/10):
COISAS INDIGNAS PARA UM FILÓSOFO : A estética moderna como anestesia
AULA 2 (12/10):
HITLER DIANTE DO ESPELHO: a pós-imagem fascista e o corpo invulnerável na experiência da modernidade
AULA 3 (19/10):
A ATUAL CONSCIÊNCIA FEMINISTA NO CAMPO DO SABER: contrafantasmagoria, choque e percepção no diagnóstico de Susan Buck-Morss
AULA 4 (26/10):
A TAREFA POLÍTICA DA ARTE: contra as táticas anestesiantes, desfazer a alienação do sensório corporal
Aula inaugural
Ministrante
Juliana de Moraes Monteiro é doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2019). De 2019 até 2023, foi bolsista Nota 10 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), por meio da qual realizou pesquisa de pós-doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro na linha de Gênero, raça e colonialidade. Em 2020, coorganizou a coletânea Agambiarra: escritos sobre a filosofia de Giorgio Agamben (Editora Ape’Ku, 2020). É autora de Trauma/ arte contemporânea brasileira (Editora Circuito, 2020) e O que a Esfinge ensina a Édipo: sobre os limites de interpretação na arte contemporânea (Ape’ku, 2021).
Atualmente coordena o projeto Mulheres que leem mulheres na Rede Brasileira de Mulheres Filósofas e é professora substituta de Estética na Universidade Federal da Bahia.
Bolsas
O IEP oferece bolsas para alunos cotistas de instituições públicas e pessoas LGBTQI + em situação de vulnerabilidade social. Para solicitar uma bolsa, envie um e-mail para estudosdopresente@gmail.com justificando o seu enquadramento em um destes grupos.