Heidegger e a Técnica: Reflexões Sobre a Modernidade

Descrição

O curso visa tratar da relação de Martin Heidegger com a modernidade. A era moderna será caracterizada como (1) a era da técnica; e (2) a era do sujeito. Essas duas caracterizações compõem o que vamos chamar da topologia da modernidade, isto é, a ciência de um mundo histórico e sua tentativa de abarcá-la por inteiro de uma só vez. Partindo especialmente da obra póstuma de Heidegger, seus chamados escritos esotéricos, tais como “Contribuições à filosofia (do acontecimento apropriador)” e a família de obras que lhe fazem parte, o curso tenta compreender o sentido da história e do histórico em Heidegger, a relação entre a metafísica ocidental, a ciência moderna e a técnica, a confrontação de Heidegger com a história do Ocidente e a necessidade de superação da metafísica. Os assuntos são interligados entre si, pois eles contemplam a mesma questão: a transição da modernidade para um outro início. O outro início é, assim, uma filosofia do futuro, e mais especificamente da destinação a que visa o império incondicional da técnica, e a necessidade sempre renovada do abrigo e da salvaguarda de um mundo espiritual para o Ser-aí humano. Assim, a era da técnica nos leva a questionar o que nos faz sermos um Dasein, isto é, o lugar da abertura do Ser. Heidegger pensa a era moderna da técnica como a era do abandono do Ser, isto é, como a era do niilismo técnico. Questionar a era da técnica é procurar modos da superação da técnica e da metafísica para que o Dasein possa se abrir de modo originário. Essa abertura inesperada, que Heidegger chama de evento ou acontecimento apropriador, marca a transição para o outro início, que é uma metanóia, uma transformação no pensamento e na história no fim da metafísica.